sábado, 23 de junho de 2012

“O amor provoca reações estranhas nas pessoas.”



"Ninguém tem todas as respostas.
 Às vezes, o melhor que podemos fazer é pedir desculpas, 
e deixar passado no passado."






"Seja uma boa garota...você é uma boa garota..." Eu ouvi a voz as minhas costas sussurrar, e olhei rapidamente para trás. Mas o corredor estava da mesma forma que eu me recordava desde a última vez que eu checara. Vazio. Apressei os passos, precisava chegar logo ao outro lado.

"Boa aluna...é necessário ser uma boa aluna..." Outra voz, diferente da anterior falou novamente, e olhei assustada para os lados, tampando logo os ouvidos, para não ouvir nada, e chegar logo a sala de música.

"Sua família....você tem que ser uma ótima filha...a melhor filha"  E como se de propósito, outra voz, diferente das duas primeiras gritou no meu ouvido.

"AHHHHHHHHHH!" Eu exclamei em desespero, entrando na primeira porta de banheiros que eu encontrara. Olhei assustada ao redor, vendo se estava vazio. Meus olhos estavam tomados por lágrimas que rolavam rápida e interruptamente.  Encarei meu rosto no espelho, em um estado trágico, pior do que se quer eu o vira, nem quando fora obrigada a voltar para escola sem meu amor eu estive assim. "Qual é seu problema, Lizzie?"  Perguntei chorona para o espelho em voz alta. 

"Fraca!" Ouvi a voz sussurrar mais uma vez, e olhei pelo espelho se encontrava reflexo de algo, mas sem sucesso, me virei.

"Quem está ai?" Indaguei, tentando manter a voz firme em tanto tremor.

"Fraca!" Respondeu mais uma vez, desta vez a mesma voz. "Fraca. Fraca. Fraca. Fraca!" Tampei rapidamente os ouvidos, eu não suportava encarar esta verdade.

"Paraaaa!" Supliquei entre o choro, correndo para uma das portas dos banheiros a minha frente. Tranquei, para que não tivesse perigo de me atormentarem mais, e abaixei a tampa do vaso sanitário, sentando-me nela. Apoiei também meu calcanhar na mesma, abraçando minhas pernas junto a meu corpo. Escondi o rosto entre os braços, ainda tampando os ouvidos, eu só queria acordar daquilo, mas o pesadelo parecia muito mais real. Tentei chorar mais baixo gradativamente, não esperava chamar a atenção e ter que dar explicações a ninguém que resolvesse usar o banheiro em hora tão inapropriada como era esta. Solucei algumas vezes, mas por fim, não sei exatamente quando tempo depois, o choro passou a diminuir, e foi como se eu estivesse voltando a respirar, ainda que com dificuldade.

Ouvi passos adentrarem no banheiro, e engoli em seco, prevendo o que poderia acontecer. "Elizabeth!" Chamou uma voz lá fora, e meu coração disparou novamente, subindo até minha boca. As lágrimas foram se acumulando em meus olhos, mas me mantive ali quietinha, quem sabe se eu ficasse quietinha parassem de me atormentar. Balançava meu corpo para frente e para trás, levemente, só numa tentativa de me sentir acolhida maternalmente, mesmo sabendo que eu nunca fora acolhida assim. Três batidas na porta, e a voz feminina voltou a me chamar. "Elizabeth, abra a porta!" Ordenou. E eu quis chorar ainda mais, mas impacientemente, a mulher começou a bater mais vezes. "Abra, vamos logo!"

"Vai embora!" Eu implorei com a voz fraca. "Vai embora....por favor..." Pedi.

"Eu vou entrar...."

Não respondi, sabia que ela o faria de qualquer jeito, e a porta se abriu em um estalo forçado, uma vez que eu havia trancado. Escondi mais meu rosto, chorando e me encolhendo ali no pouco espaço que eu tinha, e sem pretensão alguma de sair dali.

Percebi a pessoa se aproximar, mas ainda me mantive, no choro silencioso, ali quietinha, entre alguns soluços. Senti uma mão em cada braço meu, num gesto de preocupação. "Elizabeth...é a senhora Vaughn....vamos lá...vamos para fora deste banheiro...."

Comecei a levantar o rosto, para vê-la, e por um instante realmente a vi, mas minha vista começou a se embaçar, e de repente, como num teatro quando as cortinas se fecham, tudo se apagou.

Fui acordar três horas depois. 

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