terça-feira, 26 de junho de 2012

“Eu sou toda errada, mas dá certo.”




Eu gosto do vento, ele me soa um tanto misterioso, quando entra pelas frestas de portas e janelas parece cantar, é acolhedor, me abraça com seus cantos uivantes, me faz sonhar, quando vem em dias de primavera me da a sensação de liberdade como se eu fosse um pássaro a voar, ele me encanta.


Eu não voltara só a andar pelo colégio. Eu estava andando com ela pelo colégio. Alguns olhares eu podia notar vinham em nossa direção, mas fosse por mim ou por Paulie, eu não me incomodava. Era como se meu mundo tivesse voltado ao eixo novamente. Eu estava em paz.

"Está com frio?!" Ela quebrou o silencio se instalado entre nós quando saímos  do prédio em direção ao campus. Eu a deixava me levar, como sempre fiz. Não me importando com o fato de para onde estávamos indo.

Neguei com a cabeça, eu só queria aproveitar o instante, ali de mãos dadas, mas achei por bem responde. "Não, obrigada...eu estou bem..." Sorri, um sorriso radiante, e ainda emocionado, era como se não fosse real, mas de maneira alguma eu queria questionar o real ou irreal. O sorriso foi sumindo por um breve instante, a maneira que a dúvida crescia em minha mente. Uma dúvida recente, mas que eu não conseguiria deixar passar. "Paulie..." Comecei, mas parei.

P. desviou os olhos para mim, no aguardo do que eu tinha começado a falar. Percebia que ela me levava para longe das pessoas, íamos em direção a quadra onde costumavam acontecer os treinos de educação física, suspensos pela grande nevasca das últimas semanas. "Oi querida?" Ela perguntou, vendo  que se não houvesse um incentivo, eu provavelmente não falaria. Ela me conhecia melhor do que ninguém nesse mundo.

Suspirei, por ser difícil de falar, e sim de escutar. Temia o que poderia vir. Temia que aquilo tudo fosse por conta da condição que haviam me estabelecido, e não pelo que eu acreditava. " Você voltou pelo mesmo motivo que as outras pessoas me olham?" Mordi meu lábio inferior, não havia conseguido desviar meus olhos dos dela. Eu nunca conseguia. Baixei ainda  mais o tom de voz. "...digo...por pena?" Engoli em seco, desta vez abaixando a cabeça.

"Ficou louca, Lizzie?!" Estas primeiras palavras vieram como um baque, como um tapa no rosto,e  eu levantei a cabeça, era a palavra que mais eu escutava ultimamente, ....mas vindo dela era tão mais pesado, tão mas difícil de se escutar. "Claro que não!" Não duvidei do que ela dizia, se ela dizia me bastava. Sempre houve algo em sua voz que não me deixava questionar. Ela indicou para a arquibancada, e entendi que provavelmente sentaríamos ali para conversar. Assim o fiz, e logo ela se acomodou ao meu lado. "Não vou negar que a senhora Vaughn me chamou,...disse que você não estava muito legal,...e logo eu perguntei se podia vir ver você!" Paulie me explicava.

Senti vergonha por um instante por ter duvidado, por ter perguntando. "Eu só perguntei porque..." Fiz uma pequena pausa, suspirando. "porque ultimamente todos parecem sentir pena, como se eu estivesse  na rua da amargura ou algo assim...até da aula me liberaram outro dia..." Fiz uma careta, não achava a atitude certa. Mas preferi mudar de assunto, não queria contar como estavam sendo meus dias ali sem ela. "Eu fiquei feliz por ter vindo.." Sorri de canto, meio sem graça. "...tão feliz que foi difícil de acreditar!" Cocei minha nuca.

Ela me abraçou, de novo me fazendo ter a certeza, que sempre existiu em minha mente, de que eu pertencia a aquele abraço. Distribuiu alguns beijinhos por minha bochecha, instantaneamente me fazendo rir, um riso de alegria, felicidade. " Eu também estou feliz por estar aqui...e você está linda...muito linda!"

Fiquei mais sem graça, parecia que ela sabia como me encabular, mas abri um sorriso, mesmo afirmando. " Eu estou igual!" Retruquei, rindo e fazendo uma careta para ela. Encostei minha testa na lateral do rosto de Paulie, e sussurrei baixinho. " Você quem ficou linda assim..." Logo beijei o rosto dela, mais ou menos na altura do maxilar, de uma forma demorada, como se não quisesse me afastar do rosto dela, ali eu a tinha, tinha o cheiro dela, tinha segurança, tinha paz.

"Escuta...promete que não vai pensar que eu não existo? Que sou só uma ilusão?...ficarei um tempo aqui com você, até se formar..."

Imediatamente concordei com a cabeça. "Eu acredito. Sempre acreditei..." Fiz uma pausa, para então falar do que eu ainda não sabia se estava preparada para falar. "...mesmo quando não era você....sabe...mesmo quando era em sonhos, eu a seguia, ia atrás...porque pra mim era você, e mesmo que depois acabasse comigo acordando, eu teria estado perto de você por aquele momento, por aquele sonho..." Percebi meus olhos se encherem de água, mas engoli o choro, não choraria agora. Eu estava feliz, estava bem, e estava com Paulie, queria que ela tivesse o melhor de mim, me visse no meu melhor, e me esforçaria para isso. Abri um sorriso, e prometi a ela. "...prometo que tentarei ignorar tudo que minha cabeça tem me feito pensar...ou ouvir...ou imaginar..." Garanti, certa de que me esforçaria.

Ela sorriu, eu sorri. Daquela forma cúmplice, daquela forma nossa.

Quebrei o silencio pouco depois, por um instante quase me esquecendo que ainda tinha a missão de ajudar Jenny. "Aliás...existe uma pessoa que eu quero que você conheça..."

"Uma pessoa?" Ela me olhou, provavelmente perguntando se eu falava sério, porque eu não era o tipo de pessoa que se dava bem com pessoas. Concordei com a cabeça, e Paulie voltou a indagar. "Quem você quer que eu conheça?"

Concordei mais uma vez com a cabeça, desta vez mais empolgada e cheia de sorrisos. Não queria estragar a surpresa, por isso mantive-a sem a resposta direta. Olhei ao arredor para ver se estávamos realmente sozinhas ali. "Aliás...precisamos passar no refeitório para buscar comida a ela...eu não apareço por lá desde o café da manhã..." 

"Comida?" Paulie pareceu interessada e curiosa no que eu contava. E eu me perguntava se ela já havia deduzido qual era a surpresa.

Verifiquei mais uma vez se não tínhamos testemunhas. "Sim, sim....ela não sai do quarto, sabe....está...escondida lá." Sussurrei ainda mais baixo, achando que era mais seguro.

Paulie sussurra de volta, percebendo que era segredo. "E quem é ela Lizzie?!"

Eu ainda não queria contar, queria que ela visse com os próprios olhos. Logo me coloquei de pé, esticando a mão na direção de P. " Vem...vamos! Vou te mostrar ela...e...eu a mantive em segurança todo esse tempo. Disse que ela poderia se meter em mais encrencas com você se continuasse aprontando..." Contei toda orgulhosa, e logo Paulie estava em pé ao meu lado, e se eu não a conhecesse, diria que ela parecia brevemente confusa. Não a culpo, eu também fiquei quando Jenny tentou me explicar toda a história de futuro e viagem...e tudo aquilo.

"Obrigada, Lizzie!" Ela me agradeceu, enquanto andávamos em direção ao dormitório, me fazendo sorrir de orgulho por ter mantido a filha dela em segurança.

Assim que chegamos no dormitório, como de costume verifiquei ambos os lados, para ver se estávamos sozinhas. Sussurrei para Paulie. "Em geral ela está escondida no lavabo quando eu entro...tem medo que seja outra pessoa." P. assentiu com a cabeça, e ainda que parecesse meio distante, se comparado a antes, eu continuei, provavelmente era toda a emoção de estar revendo a filha de novo. Fui entrando o quarto, chamando por Jenny. "Eii, Jenny, Jenny, venha cá...eu tenho uma surpresa para você..." A chamei, e logo a menina loira da franjinha no rosto surgiu do lavabo. Chamei Paulie com uma das minhas mãos. "Pode vir,...ela já está aqui!" Abri um sorrisão, imaginando toda a emoção que surgiria dali. "Eu trouxe sua mãe..." Expliquei para Jenny, que sorriu radiante no mesmo instante. Fiz sinal para que ela esperasse, pois P. ainda parecia meio estática a porta. A chamei novamente. "Vem, amor, ela está aqui...e está bem!" Assegurei. E nesse instante vi os olhos de Paulie se tornarem inundados em lágrimas, e tive a certeza de que havia feito uma boa coisa insistindo para que Jenny ficasse ali sob meus cuidados.

Fui para o lado de Jenny, que aguardava os passos receosos da mãe adentrarem em direção. "Eu não disse que ela viria? Eu não disse que Paulie estaria aqui...que viria te socorrer!" Falei para Jenny, toda feliz por ter conseguido cumprir a promessa, que era levar Paulie até lá. Olhei então para P. "Ela chorava todas as noites, dizendo que estava perdida no tempo...e que só você..." Parei por um instante, porque aquilo me parecia bastante maluco, mas se Jenny dizia que você tinha o poder eu não duvidaria. "...podia viajar no tempo!"

Paulie não havia se aproximado, não havia corrido  na direção da filha, nem a abraçado. Ela só olhava para mim, ainda cheia de lágrimas, e então para onde Jenny estava. Fiquei confusa por um instante. " Lizzie, querida, vamos falar com a Kim?" Foi então a primeira coisa que ela disse desde que havíamos chegado.

"Como a Kim?" Repeti, meio confusa, fazendo uma careta, me bastava as vezes que eu era chamada lá. "Paulie...você não vai abraçar Jenny?...todos esses dias tive que acalmá-la, dizendo que você a perdoaria....ela está arrependida do que fez...está realmente arrependida." Assegurava por ter visto Jenny chorar todos estes dias na espera pela mãe.

Paulie continuava a encarar o lugar onde eu insistia que Jenny estava. "Arrependida?" Ela repetiu, com dificuldade, parecia que o choro estava quase dominando-a. "Lizzie, querida, eu realmente tive um filho...mas ele tem dois anos...e se chama Luca...Não tenho nenhuma filha chamada Jenny...Como é a Jenny?!"

Olhei para o lado, olhando Jenny, que enchia os olhos de lágrimas também. Paulie não podia renegá-la, assim, na minha frente, na frente dela. "Você não a vê?!" Engoli em seco ao perguntar, com medo da resposta, todos me diziam que ela não existia, mas eu sempre acreditei que ninguém nunca a via porque eu a escondia muito bem ali no quarto. "Jenny...Jenny...é..." Tentava dizer com a voz trêmula. " ela tem quatorze anos....mas ela só nasce no ano que vem...ela tem cabelo loiro, comprido, assim, da cor do seu...tem uma franjinha que insiste em cair nos olhos, e ela insiste em me dizer que não incomoda, apesar de eu falar que um dia ela ainda fica vesga com isso..." Ia contando o jeito e as manias de Jenny, conforme as lágrimas iam rolando por meu rosto, sem barulho nenhum de choro, ainda que fossem lágrimas de desespero. Jenny existia! Jenny estava ali comigo...esteve junto...foi quem me dera força a não me deixar ceder as minhas fraquezas, era quem me trazia de para o pouquinho perto que eu podia estar de você.

Paulie estendeu a mão para mim, e aceitei, quase em seguida ela me levou para perto, me acolhendo em seu corpo. Ela chorava, chorava de uma forma que eu nunca a tinha visto chorar, e me senti culpada por cada lágrima. Chorei quietinha, em silencio, aquele choro dolorido de quem não quer incomodar, por não entender o que estava acontecendo ali. Escuto baixinho, de repente, então Paulie sussurrar. "Deixa ela ir, Lizzie?...você a projetou, Li,...para querer ficar mais próxima de mim!"  Aquilo esmagou meu coração, tirou minha consciência. Jenny existia, e eu tinha que salvá-la, Paulie precisava levar ela para casa, só assim ela estaria bem, segura, feliz...

"Não a deixe sozinha, P.!" Pedi, com a voz de choro. "Ela só tem quatorze anos...apesar de achar que é toda mais velha, ...ela é só uma menina..." Entre alguns soluços, tentava explicar a ela. "Ela teve sorte de vir parar aqui...teve sorte de vir parar aqui em um lugar onde alguém conhecia a mãe dela...mas ela não pode ficar perdida no tempo...como vamos saber onde ela vai parar?" Insistia, naquele desespero de provar a ela que não podia abandonar Jenny, por mais que ela fosse toda rebelde, ela ainda precisava de uma mãe.

"Eu..." Ela voltou a falar. "...prometo levá-la para casa, está bem, amor?!" Concordei com a cabeça, e ela me abraçou mais juntinho.

"Obrigada Paulie..."

"Shhhh" Ela pediu. "Fica só aqui quietinha comigo, Lizz, apenas fica comigo, está bem?!" Ainda me abraçando, ela foi se sentando no chão, me levando junto. E em meio ao abraço seguro e os carinhos dela, algum momento depois eu cedi ao cansaço, pegando no sono.


segunda-feira, 25 de junho de 2012

“Se meus olhos mostrassem a minha alma, todos, ao me verem sorrir, chorariam comigo…”



Já tive medo do escuro, hoje no escuro me acho… me agacho… fico ali…

Não tive outra escolha quando me chamaram. A opção mais viável que eu tinha, que era fugir e espernear que eu não era louca, só faria com que os que achavam isso tivessem mais crédito. Depois do incidente do refeitório, eu recebera notificação para ser dispensada das aulas do dia seguinte, e por isso não havia saído do quarto, quando finalmente coloquei os pés para fora rumo a sala improvisada da psiquiatra. Minhas mãos estavam geladas por medo, e por isso as mantive no casaco do uniforme. Segui os corredores e lances necessários até chegar na tal sala, mas me mantive na porta, na esperança de que de alguma forma, ela só me notasse lá quando tivesse esquecido o que queria comigo. Não era inocência de pensar isso, era desespero.


" Vamos, lá, Lizzie, querida! ...existe alguém aqui que quer vê-la..." 


Merda, ela havia me notado. Suspirei pesadamente, ainda hesitando em entrar, mantendo o livro que trazia comigo em mãos.


"Vamos lá, querida...acho que vai gostar da surpresa..." Eu ainda diria que aquela médica maluca ganharia o troféu de falsidade, mas me mantive calada. Dando apenas um passo a frente, e tendo a visão da sala, desta vez. 


"NÃÃÃÃÃÃÃO" Exclamei com a imagem que vi de relance, deixando o livro cair a frente de meus pés. Logo fechei meus olhos, levando minhas mãos também a eles, para impedir não cair do truque de ver. Era Paulie, mas eu não me convenceria que ela estava ali desta vez. Não, eu me manteria íntegra à minha saúde mental. Só faltavam dois meses para eu me formar, não surtaria agora, não podia surtar, ou até eu sairia do colégio, direto para o manicômio, ou pior.


"Sou eu, Lizzie....sou eu...Paulie, venha, minha garota...abra os olhos, eu estou aqui,...de verdade."


Eu não podia impedir a voz que chegava aos meus ouvidos. Tão verdadeira, tão Paulie...tão...


"Por favor, não..." Choraminguei.


"Abra os olhos, querida...vamos lá..." Ela insistiu, e pude perceber ela diminuir alguns passos entre nós. Fiquei com medo, fiquei com medo porque quando começava a aproximação era que se aproximava o final dos meus sonhos. "...vamos, minha menina..." Ela insistiu, e eu podia perceber o choro na voz dela.


E como quem se rendia, eu não poderia escutá-la chorar e ficar simplesmente ali, fosse um sonho ou não, era minha Paulie chorando. Fui abaixando minhas mãos, revelando meus olhos inundados em lágrimas. A encarei, com medo de dizer qualquer coisa.


"Sou eu...vê?...venha cá, me abrace...encoste em mim...sou eu...eu voltei..." Ela insistia, ainda em choro, que me fazia chorar ainda mais, ainda que fosse um choro contido, sem muito barulho, interrompido por um ou outro soluço.


"Por favor, vá embora antes que eu acredite que isso é real..." Pedi, como quem quase suplicava, eu não poderia chegar até ela, e me ver acordar novamente.


"Lizzie...vem meu amor..." Paulie chamou, e desta vez eu não resisti. Que a médica estivesse ali, que me achasse louca, que aquilo fosse uma alucinação ou um sonho, a  minha saudade e meu amor eram muito maiores do que meu medo de ser condenada a louca. Estiquei uma das mãos na direção de Paulie, encostando a ponta dos dedos no ombro dela, ainda com receio de que ela sumisse a qualquer instante. Mas ao invés de sumir, ela se aproximou, se aproximou e me abraçou, e meu choro desabou, sem preocupar em se conter. 


A abracei mais forte, implorando em sussurros no ouvido dela. "Não vá embora. Não vá embora. Não vá embora." Disse, choramingando, sem me afastar daquele abraço que a mim parecia tão verdadeiro e tão real como estivéssemos voltado dois anos no tempo.


"Eu não vou, eu não vou, eu não." Ela sussurrou a melhor coisa que eu poderia ouvir, a melhor coisa que eu poderia pedir. Afastei meu rosto, só um pouquinho, pra poder encará-la, e levei a pontinha dos meus dedos pelo rosto dela, reconhecendo os traços que eu tinha guardado em mim. Paulie sorriu, daquela forma que me encantara desde a primeira vez, e senti que ela me levantou do chão. Voltei a abraçá-la forte, e logo ela me apoiou em uma das mesas. E voltou a me encarar, ainda sorrindo, sussurrou para mim. "Eu estou loira...espero que ainda goste de mim assim..."


Sorri, em meio ao choro que era de felicidade, por finalmente vê-la, saber que ela estava bem. " Eu te acharia linda em um milhão de anos." Sussurrei para ela, tendo a certeza de que meus sonhos não eram de todo engano. Paulie estava com o cabelo da mesma forma que eu costumava ver, do mesmo jeitinho. Mas eu não estragaria o momento falando das minhas alucinações. Digo, eu não estragaria o momento...


"Seja o que for que estão fazendo não vai ser em cima da minha papelada!" Brandou a médica raivosa, arrancando os papéis que por acaso eu estava sentada em cima. Escorreguei da mesa, voltando a ficar em pé, e eu e P. trocamos olhares com risos cúmplices pelo estresse da médica. Foi como se tudo estivesse de volta...em seu devido lugar.


"Eu posso sair um pouco com ela?!" Escutei P. pediu a Kimberly, e aquilo era a melhor coisa que poderia me acontecer em tempos. Encarei também a médica, suplicando por dentro que houvesse alguma bondade nela.


"Hm..." Ela pareceu avaliar, e continuamos olhando na expectativa. "...desde que não saiam do prédio." Fosse por bondade ou não ela havia concordado.


 Paulie garantiu que eu estaria em segurança. E logo voltou-se para mim. "Amor, espera um pouquinho lá fora? Só preciso falar algo rápido com a médica..." Ela me deu alguns selinhos, e eu nem tive como negar, estava tão feliz, corri lá para fora, aguardando que ela viesse logo. Sonho ou não, essa era a realidade que eu queria para mim.

“O segredo é não deixar de acreditar.”

É triste saber que falta alguma coisa
 e saber que não dá pra comprar, 
substituir, esquecer, implorar. 
Mas amor, você sabe, amor não se pede.

Mas e quando você deixa de acreditar?! Continuei deitada em minha cama, naquele mormaço sem fim. Era só mais uma manhã de domingo. Mais uma inútil manhã de domingo. Continuei a repetir aquilo para mim. Jenny ainda dormia, e apesar de eu não sentir a mínima vontade de sair daquele mundo que havia se tornado meu quarto, porque lá não existia Lizzie louca, pirada, ou sem parafusos. Lá existia Lizzie, e existia Jenny, que acreditava em mim. Eu sabia que minuto a  mais, minuto a menos eu teria que sair dali, ir para o refeitório, buscar alguma coisa para o café da manhã de Jenny, para depois me sentir sem culpa por passar o resto do dia enfiada embaixo de minhas cobertas, sem pretensão de ser incomodada por nenhuma voz ou sonho maluco. Eu não era maluca...eu costumava ter controle das coisas...o que foi acontecer comigo?! Lamentei mais uma vez, decidindo que levantaria dali de uma vez por todos, buscaria o maldito café e seguiria meus planos para que me restava de final de semana.

Levantei, vestindo os chinelos que ficavam ao lado de minha cama, e vasculhei uma das gavetas, em busca dos uniformes. "A quer saber? fodam-se os uniformes!" Resmunguei pra mim mesma, fechando a gaveta com força, e logo na sequência me arrependendo, porque eu não queria acordar Jenny, muito menos ter que explicar a ela o porque da minha ira dos últimos dias. Olhei para trás só me certificando de que ela continuava a dormir. Suspirei aliviada, ao constatar que sim. Abri a terceira gaveta, pegando uma calça jeans e uma camiseta qualquer de minha antiga escola nos Estados Unidos e um par de roupas de baixo, e segui para o pequeno lavabo. Não era exatamente espaçoso como costumava ser o vestiário lá embaixo, mas eu preferia tomar banho no chuveiro apertado do meu quarto, a ter que ir lá embaixo e encarar todas as caras curiosas...na verdade eu acho que sempre preferi, mesmo quando encarar as pessoas não me incomodava, era só...indiferente. 

Quando tinha passado a ser diferente?! Me perguntei. Quando eu passei a me incomodar? Minhas respostas não existiam para ambas as perguntas, por isso achei que a melhor opção mesmo por hora era abrir o chuveiro, e deixar que a água espantasse meu medo, ou pelo menos o frio que eu sentia no momento. Quinze ou vinte minutos depois devem ter sido o suficientes para meu banho matinal, e logo vesti as peças que havia escolhido, mesmo sabendo que usá-las na escola seria proibido, uma vez que éramos obrigadas a usar os uniformes mesmo aos domingos, nos últimos anos. Se olhassem, que tivessem algum motivo pra olhar. Resmunguei mais uma vez, encarando meu rosto no espelhinho acima da pia. Nem ele mais eu reconhecia. Não me lembrava de ter aquelas bolsas escuras embaixo dos olhos, tão pouco de meu rosto ser tão fino, tão pálido...tão sem vida.

Sai do banheiro, e para minha sorte, minha nova colega de quarto continuava a dormir. Ainda dava tempo de buscar o café da manhã dela. Pensei comigo, pegando um de meus moletons e vestindo, encarar o inverno só de camiseta seria loucura, e eu não estava louca...apesar de todo o resto do mundo achar que sim. Aproveitei o capuz do casaco, e cobri minha cabeça, de maneira a até cobrir parte de meu rosto. Escondi as mãos no bolso canguru da blusa e segui rumo ao refeitório. 

Os olhares eram muitos na minha direção, mas de alguma forma eu estava bem por dentro, eu até conseguia sorrir. Eles não me olhavam porque eu era louca, eles me olhavam porque eu estava vestida com qualquer coisa, menos o uniforme que eu deveria. Foi o que eu coloquei na cabeça, porque pelo menos assim havia um motivo real, na minha opinião, para eu ser tão mal encarada. 

Adentrei ao refeitório, e encontrei lá mais olhares curiosos, não me importei, segui para o balcão onde estava o café da manhã. Como sempre pegando tudo em grande quantidade para que eu pudesse guardar na bolsinha que sempre levava comigo as idas para o refeitório. Peguei apenas uma laranja para mim, e segui com a bandeja cheia de outras coisas matinais para alguma mesa. Descasquei a fruta tranquilamente, e a cortei em cinco pedaços, comento um a um, enquanto observava o salão ir se enchendo. Quando terminei o último pedaço me levantei, com a comida toda já guardada na bolsinha. Caminhei em direção a porta, e quando me faltava um passo para sair.

"Elizabeth?!" Ouvi a voz a minhas costas, e me virei, ultimamente, qualquer voz que eu ouvia eu tinha dúvidas, mas era só Amber, a professora de Química.

"Sim?" Perguntei.

"Não acha melhor subir e vestir algo mais apropriado, querida?!" Ela parecia ter pena. 

Fiz que não com a cabeça. "Estou bem assim, professora."

"Vamos, querida! Não quer se sentar então e conversaremos?!" Eu costumava ser uma das alunas exemplos dela na aula de Química avançada. Continuei fazendo que não com a cabeça.

"Eu tenho que encontrar alguém..." Disse, juntando uma de minhas mãos a bolsinha verde.

"Quem vai encontrar, Lizzie?!" Ela perguntou, ainda me olhando daquela forma piedosa.

" Uma amiga." Respondi.

"Posso ver o que tem ai?" Vi o olhar da professora se desviar para a bolsinha. 

Fiz que não com a cabeça.

"Eu preciso ver, Lizzie." Ela pediu, esticando a mão na minha direção, para que eu entregasse a bolsa, e não vi outra opção, tirei a alça de mim, entregando-a.

A professora abriu o zíper, se deparando com toda a comida que eu havia afanado. Ela levantou os olhos, como se questionasse o que era aquilo.

"É para minha amiga..." Achei que fosse necessário falar.

"Querida, a senhora Vaughn já conversou com você...não existe amiga...estamos preocupadas com você, Lizzie..."

"Existe!" Gritei com ela sem pensar, com as lágrimas inundando meus olhos. "Jenny existe!...e ela é a única que me ouve e acredita em mim nesse lugar dos infernos!" Ao meu estado, a professora tentou se aproximar, me chamando para falar mais baixo, uma vez que o refeitório inteiro havia parado para observar a cena.

"Calma, vamos para minha sala...está bem, Lizzie? Conversamos lá..." Ela dizia baixo.

" Eu não quero ir pra sala nenhuma." Tentava livrar meu braço que ela segurava. "Não quero merda nenhuma de quem não acredita em mim!"

Logo a minha mais nova sombra, Kimberly Maddox, a psiquiatra que haviam me arrumado, chegou por trás de nós, segurando ambos meus braços, não me dando mais escolha de tentar escapar. 

"Pode deixar, eu cuido dessa criança agora." A mulher loira disse daquela forma que me irritava profundamente.

"Eu não sou criança!" Resmunguei em alto e bom som, logo na sequência me sentindo mais criança do que nunca.

"Vamos, Lizzie...o showzinho acabou!" Ela disse toda arrogante, me levando para a sala que havia sido improvisada para o consultório.

Me sentei na cadeira, contra a minha vontade de estar ali, mas era melhor do que ficar em pé.

"E então, o que me diz sobre isso?!" A mulher estava sentada na ponta da mesa, de braços cruzados e me encarando.

"Sobre o que?" Perguntei, revirando os olhos, para olhar na direção da janela.

"Como sobre o que menina?!" Kimberly falou sem paciência. "Eu tenho cara de que? Vou ter que te salvar toda vez que você quiser platéia, é isso?!" Ela retrucou e eu não entendia o porque de tudo aquilo, não tinha pedido pra ninguém ir me salvar.

"Eu só estava pegando comida para minha amiga...já te contei sobre ela, só isso, não estava fazendo nada demais..." Balançava um de meus pés constantemente como um tique nervoso, ou eu diria raivoso, por aquela psiquiatra agora que achava que podia dar escândalos comigo?

"Sua amiga não existe menina, e tão pouco você existira se continuar assim."

A forma com o que ela disse me fez arrepiar. Me calando, pela primeira vez no dia, a alguma coisa que me era dita.

"Como assim?!" Perguntei, alguns minutos depois, com certo receio, já que ela havia se calado, apesar de continuar a me encarar com os gélidos olhos azuis sem emoção alguma.

"Que quando eu conseguir o que quero, você some, fedelha!"

Engoli em seco, tendo novamente a primeira certeza que eu tive quando encontrei essa mulher pela primeira vez. Eu nunca mais queria vê-la.

domingo, 24 de junho de 2012

"Sei que faz parte, mas não deixo de ficar triste.”

"Acredito que errado é aquele que fala correto e não vive o que diz."

Cheguei a porta da sala da senhora Vaughn, mas não entrei, continuei ali na porta entreaberta, imaginando o que ela queria poder comigo. Ela não estava sozinha, havia uma outra pessoa, uma moça, por volta dos trinta e poucos anos, eu diria, toda vestida de branco. Não gostei daquilo. Todos sabiam, principalmente a senhora Vaughn, dos meus últimos surtos e alucinações, e uma mulher vestida de branco não poderia ser bom sinal.

"Entre Lizzie" A senhora Vaughn me chamou, no instante em que percebeu que eu estava lá. Estranhei principalmente o fato dela estar me tratando pelo apelido, devia ser pena, ou sei lá o que, culpa por estar me mandando para o sanatório. "Não se acanhe, quero que conheça uma pessoa." Ela insistiu, e eu não tinha escolha, sair correndo e pedindo socorro pelo corredor não provaria muito que minha saúde mental continuava boa.Adentrei, mas não me acomodei ao lado da moça loira, que continuava a me encarar como se me analisasse. Eles acham muito que entendem a mente humana. Resmunguei mentalmente. E por um instante tive a impressão de que a mulher loira sabia o que eu estava pensando, algo me dizia, pela maneira que ela ainda me olhava e a forma como o sorriso dela se abriu, discretamente. Tive calafrios, só de pensar isso. "Bem, Doutora, está é uma de nossas melhores alunas, Lizzie...e...Lizzie está é a Doutora Maddox. E vou deixá-las a sós, ela gostaria de ter uma palavrinha com você." Vi ambas trocarem olhares, e suspirei, com medo do que se seguiria. Assim que a senhora Vaughn saiu, me acomodei em uma das outras cadeiras, vendo que não me sobrara opção.

Nos mantivemos olhando em silencio por alguns minutos, como se ela esperasse por eu começar,mas eu não ia começar nada, eu queria era fugir de lá.

"Boa tarde, Lizzie..." Ela começou a falar, mas logo pausou. Me encarava, e algo nas orbes azuis me trazia receio. "...posso chamá-la assim, não é?" Ela dizia simpática.

Concordei com a cabeça, mas não respondi ao boa tarde. Passara muitos anos da minha vida em terapia, e foi exatamente por causa de um terapeuta que eu estava naquele colégio, então eu não tentaria ou responderia a alguma forma de aproximação. 

"Vamos lá, querida! Eu preciso que colabore..." Não diria exatamente que ela tinha a voz doce e acolhedora, mas ela tentava.

Me mantive calada, desviando os olhos para a mesa da senhora Vaughn.

"Não quer me falar um pouco sobre você?!" Ela perguntou mais uma vez, e neguei quase no mesmo instante com a cabeça.Vi ela remexer na bolsa e na pasta, de forma inquieta na cadeira. "Vamos fazer assim...você só me responde o que achar necessário?" Concordei por fim, deixando-a me vencer.

K: "Como é seu nome inteiro?"

L: "Elizabeth Amy Campbell"

K: "Sua idade?!"

L: "Dezessete anos....dezoito em dois meses."

Ela havia tirado um monobloco e parecia anotar o que eu dizia.

K: "Há quanto tempo está aqui, querida?"

L: "Quase três anos."

K: "Prefere aqui a sua antiga casa?!"

Suspirei, cansada daquilo, mas fiz sinal de afirmativo com a cabeça. Apesar de ser uma pergunta difícil, considerando os últimos anos, qualquer coisa era melhor que meu pai.

K: "Algo te incomoda atualmente?!"

Me mantive em silencio, e ela provavelmente interpretou aquilo como um "sim", porque continuou.

K: "O que?"

Continuei calada, desta vez, encarando-a olho no olho. Depois de alguns minutos ela voltou a falar.

K: "Poderia desenhar?!"

Fiquei na dúvida por um instante, e aproveitando esse momento de incerteza ela me entregou uma folha do bloco e a caneta azul que ela tinha em mãos.

Não desenhei nada. Só escrevi no lugar. "Eu não quero falar sobre isso."  E estendi o papel a ela. A mulher loira concordou com a cabeça, e deu um suspiro.

K: "Vamos começar de novo então?!"

Quis gritar com ela, chorar, fugir. Mas eu sabia que isso só me acarretaria mais problemas, eu não queria falar, não queria falar porque me machucava, me fazia pensar em tudo que estava me atormentando, e como antes os pesadelos sobre meu pai, agora essas coisas me perseguiam, noite a noite. E não existia Paulie para me acalmar, como da outra vez. Aliás, existia Paulie, mas ela estava junto com eles, aparecendo e sumindo, só para me dar a dor de achar que tudo havia voltado, para no minuto seguinte eu me ver no fundo do poço novamente.

sábado, 23 de junho de 2012

“O amor provoca reações estranhas nas pessoas.”



"Ninguém tem todas as respostas.
 Às vezes, o melhor que podemos fazer é pedir desculpas, 
e deixar passado no passado."






"Seja uma boa garota...você é uma boa garota..." Eu ouvi a voz as minhas costas sussurrar, e olhei rapidamente para trás. Mas o corredor estava da mesma forma que eu me recordava desde a última vez que eu checara. Vazio. Apressei os passos, precisava chegar logo ao outro lado.

"Boa aluna...é necessário ser uma boa aluna..." Outra voz, diferente da anterior falou novamente, e olhei assustada para os lados, tampando logo os ouvidos, para não ouvir nada, e chegar logo a sala de música.

"Sua família....você tem que ser uma ótima filha...a melhor filha"  E como se de propósito, outra voz, diferente das duas primeiras gritou no meu ouvido.

"AHHHHHHHHHH!" Eu exclamei em desespero, entrando na primeira porta de banheiros que eu encontrara. Olhei assustada ao redor, vendo se estava vazio. Meus olhos estavam tomados por lágrimas que rolavam rápida e interruptamente.  Encarei meu rosto no espelho, em um estado trágico, pior do que se quer eu o vira, nem quando fora obrigada a voltar para escola sem meu amor eu estive assim. "Qual é seu problema, Lizzie?"  Perguntei chorona para o espelho em voz alta. 

"Fraca!" Ouvi a voz sussurrar mais uma vez, e olhei pelo espelho se encontrava reflexo de algo, mas sem sucesso, me virei.

"Quem está ai?" Indaguei, tentando manter a voz firme em tanto tremor.

"Fraca!" Respondeu mais uma vez, desta vez a mesma voz. "Fraca. Fraca. Fraca. Fraca!" Tampei rapidamente os ouvidos, eu não suportava encarar esta verdade.

"Paraaaa!" Supliquei entre o choro, correndo para uma das portas dos banheiros a minha frente. Tranquei, para que não tivesse perigo de me atormentarem mais, e abaixei a tampa do vaso sanitário, sentando-me nela. Apoiei também meu calcanhar na mesma, abraçando minhas pernas junto a meu corpo. Escondi o rosto entre os braços, ainda tampando os ouvidos, eu só queria acordar daquilo, mas o pesadelo parecia muito mais real. Tentei chorar mais baixo gradativamente, não esperava chamar a atenção e ter que dar explicações a ninguém que resolvesse usar o banheiro em hora tão inapropriada como era esta. Solucei algumas vezes, mas por fim, não sei exatamente quando tempo depois, o choro passou a diminuir, e foi como se eu estivesse voltando a respirar, ainda que com dificuldade.

Ouvi passos adentrarem no banheiro, e engoli em seco, prevendo o que poderia acontecer. "Elizabeth!" Chamou uma voz lá fora, e meu coração disparou novamente, subindo até minha boca. As lágrimas foram se acumulando em meus olhos, mas me mantive ali quietinha, quem sabe se eu ficasse quietinha parassem de me atormentar. Balançava meu corpo para frente e para trás, levemente, só numa tentativa de me sentir acolhida maternalmente, mesmo sabendo que eu nunca fora acolhida assim. Três batidas na porta, e a voz feminina voltou a me chamar. "Elizabeth, abra a porta!" Ordenou. E eu quis chorar ainda mais, mas impacientemente, a mulher começou a bater mais vezes. "Abra, vamos logo!"

"Vai embora!" Eu implorei com a voz fraca. "Vai embora....por favor..." Pedi.

"Eu vou entrar...."

Não respondi, sabia que ela o faria de qualquer jeito, e a porta se abriu em um estalo forçado, uma vez que eu havia trancado. Escondi mais meu rosto, chorando e me encolhendo ali no pouco espaço que eu tinha, e sem pretensão alguma de sair dali.

Percebi a pessoa se aproximar, mas ainda me mantive, no choro silencioso, ali quietinha, entre alguns soluços. Senti uma mão em cada braço meu, num gesto de preocupação. "Elizabeth...é a senhora Vaughn....vamos lá...vamos para fora deste banheiro...."

Comecei a levantar o rosto, para vê-la, e por um instante realmente a vi, mas minha vista começou a se embaçar, e de repente, como num teatro quando as cortinas se fecham, tudo se apagou.

Fui acordar três horas depois. 

"Só sei que você, não está aqui pra me dizer o que você sempre dizia, mas está noite está escrita no céu."


Someone's Watching Over Me (Hilary Duff)

Someone's Watching Over Me

I found myself today
Oh I found myself and ran away
But something pulled me back
Voice of reason,
I forgot I had
All I know
Is you're not here to say
What you always used to say
But it's written
In the sky tonight

So I won't give up
No, I won't break down
Sooner than it seems life
Turns around
And I will be strong
Even if it all goes wrong
When I'm standing in the dark,
I'll still believe
Someone's watching over me

I've seen that ray of light
And it's shining on my destiny
Shining all the time,
And I won't be afraid
To follow everywhere
It's taking me
All I know is yesterday is gone!
And right now I belong
To this moment, to my dreams

So I won't give up
No, I won't break down
Sooner than it seems life
Turns around
And I will be strong
Even if it all goes wrong
When I'm standing in the dark,
I'll still believe
Someone's watching over me

It doesn't matter
What people say
And it doesn't matter
How long it takes
Believe in yourself
And you'll fly high
And it only matters
How true you are
Be true to yourself
And follow your heart

So I won't give up
No, I won't break down
Sooner than it seems life
Turns around
And I will be strong
Even if it all goes wrong
When I'm standing in the dark,
I'll still believe

That I won't give up
No, I wont break down
Sooner than it seems life
Turns around
And I will be strong
Even when it all goes wrong
When I'm standing in the dark,
I'll still believe
That someone's watching over
Someone's watching over
Someone's watching over me
Someone's watching over me

Tradução

Alguém Está Olhando Por Mim

Hoje eu me encontrei,
Oh,eu me encontrei e fugi.
Mas alguma coisa me trouxe de volta
A voz da razão
Que eu esqueci que eu tinha.
Só sei que você,
Não está aqui pra me dizer
O que você sempre dizia
Mas está noite
Está escrita no céu.

Então, não vou desistir
Não,não vou sucumbir.
Antes que a gente se dê conta,
A vida dá volta
E eu serei forte.
Mesmo se tudo der errado
Quando eu estiver no escuro
Ainda vou acreditar.
Que alguém está olhando por mim

Eu vi um raio de luz
E ele está brilhando em meu destino
Brilhando o tempo todo
E não terei medo,
De seguir você,
Aonde quer que me leve
Só sei que ontem já passou
E agora eu pertenço
A este momento,e aos meus sonhos.

Então, não vou desistir
Não,não vou sucumbir.
Antes que a gente se dê conta,
A vida dá volta
E eu serei forte.
Mesmo se tudo der errado
Quando eu estiver no escuro
Ainda vou acreditar.
Que alguém está olhando por mim

Não importa
O que as pessoas dizem
E não importa
Quanto tempo vai levar
Acredite em você mesmo
E você vai voar alto
E só importa
O quão verdadeiro você é
Seja leal com você mesmo
E siga seu coração

Então,não vou desistir
Não,não vou sucumbir.
Antes que a gente se dê conta,
A vida dá volta
E eu serei forte.
Mesmo se tudo der errado
Quando eu estiver no escuro
Ainda vou acreditar.

Então, não vou desistir
Não,não vou sucumbir.
Antes que a gente se dê conta,
A vida dá volta
E eu serei forte.
Mesmo se tudo der errado
Quando eu estiver no escuro
Ainda vou acreditar.
Que alguém está olhando,
Que alguém está olhando
Que alguém está olhando por mim
Que alguém está olhando por mim