segunda-feira, 18 de junho de 2012

Me busco em músicas que dão ritmo ao que sinto de forma silenciosa e me busco em trechos de livros que revelam idéias que mantenho ainda embaralhadas.









E quanto mais se aproximava, mais eu temia. Engraçado a sensação, de algo tão esperado, como eram meus dezoito anos desde que eu chegara ao internato e pela primeira vez tinha um futuro traçado, que não dependia dos meus sonhos...como eu sempre esperara, mas sim dos meus sonhos com os de outra pessoa....e agora, no momento, eu não tinha nem meus sonhos, muito menos de alguém mais. Eu sabia de uma coisa, que eu queria sair do internato, que mais dois meses e eu estaria livre daquilo na esperança de estar livre de todo o resto. Mas o que eu faria fora dali, nada mais eu sabia. Voltar para os Estados Unidos?...é...podia ser uma possibilidade...mas com certeza longe de onde meus pais estavam. Canadá?...talvez, mas não me agradava muito continuar por aqui.


As coisas se misturam na nossa cabeça, bagunçam muito, e me faziam me sentir mais fraca do que eu costumava achar que era toda vez que me confundiam. Eu não tinha um diploma...digo, além do ensino médio que conseguiria em breve. O que se podia fazer com um diploma de ensino médio? Trabalhar no Mc Donalds? No Starbucks?...No Burger King?....Hm...com sorte, e pensando alto, eu conseguiria trabalhar em uma livraria de médio porte. É...não se parece nada com quem queria fazer medicina e achar a cura do câncer, como eu imaginava e planejava desde meus ...sei lá...doze anos. Estranho né?...como se é bem mais forte aos doze anos, apesar do medo de escuro, do que quando se tem quase dezoito e o escuro foi superado...queria eu só ter medo do escuro hoje em dia.


Ajeitei as poucas papeladas que confirmavam minha saída do internato em breve. Estava sentada na minha cama, e dali eu tinha visão para o resto do cômodo. Meus olhos tomaram por aquele quarto que durante estes anos me traiu, sempre me fazendo lembrar de tudo que eu vivera ali, mesmo quando eu pedia para não mais lembrar. 


Suspirei. Todos os contratos de direitos, e aquelas coisas, tudo estava assinado. Encarei a papelada ainda com lágrimas nos olhos, eu não gostava nem um pouco daquela incerteza que minha vida se tornara...como eu havia deixado chegar naquele ponto? Logo eu?..tão metódica, que sempre pensava em tudo antecipadamente,...que sempre gostara dos pingos nos "i" estava prestes a deixar a escola sem um plano traçado? Não era nem só onde trabalhar...era onde morar, o que estudar...o que fazer. Se tivesse entre as minhas opções, eu escolheria minha cama, porque apesar de ainda sim ter receios ali, o cobertor por cima do rosto faz parecer que o resto evaporava por uma noite.

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